Aprisionada
Ao ler a notícia no jornal percebeu como se sentia. Aprisionada.
Também era um animal enjaulado, impedido de movimentar-se livremente.
A nota da imprensa relatava a vida das duas girafas em companhia uma da outra. Ambas, remanescentes de um grupo que vivia no zoo de Sapucaia, conviveram por um largo período até a morte da mais velha, Fifi. Descrevia a mudança de humor da menor, Doroteia, e da perda gradual de sua saúde. E por fim sua morte. Morreu de saudade. Suas defesas combalidas não resistiram a uma pneumonia.
Descrevia a falta de liberdade, aprisionadas em um ambiente restrito e artificial.
Na juventude sonhara com o “príncipe encantado”. Como nos contos de fada, seriam felizes para sempre.
No início, tudo foi perfeito. O príncipe adivinhava-lhe os pensamentos e satisfazia todos os seus desejos. Mais tarde veio a rotina e a insatisfação, os ressentimentos, a raiva e os conflitos. Percebeu que seu príncipe virara sapo. Sentia-se controlada, anulada, esmagada sob a pesada carga do amor. Sem liberdade para decidir o que quisesse.
Não sabia o que fazer, mas uma coisa era certa, precisava salvar-se antes que fosse tarde. Por mais que pensasse, só tinha uma certeza. Lutaria para não ter a mesma sorte de Doroteia.
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