A polêmica em torno das girafas
Januário escuta o noticiário. Uma polêmica lhe chama a atenção. As girafas do zoológico morreram. O governo do Estado programou a compra dos novos animais. Um grupo posiciona-se contra esta forma de aprisionamento.
O pensamento de Januário dialoga com sua história de vida, lembra de sua filha caçula. Recorda daquele domingo de sol. Passeio programado. A família dirige-se ao Jardim Zoológico. A vemaguete carregada com as iguarias de Julia. Vera e Renato brigando com a pequena Denise para saber os premiados com o lugar na janela.
Julia argumenta que saíram muito cedo de casa, ao que Januário responde com uma frase de seu pai:
– Cavalo que chega cedo bebe água limpa.
No Zoológico, Renato e Vera brincam na praça enquanto Julia estende uma toalha para o piquenique. A pequena Denise segue de mãos dadas com o pai observando cada animal. Com cinco anos descobre bichos que até então só sabia da existência nas estórias contadas pelo pai. Gosta da onça que acha parecida com o gato da tia Helga. Assusta-se com o hipopótamo, tem medo, pede colo.
Ao chegarem ao local destinado às girafas, Denise hipnotizada com os olhos brilhando diz:
– Pai, este é o animal mais lindo que já vi.
Nasce ali uma relação da filha com aquela espécie. No aniversário, a menina pede ao pai uma girafa de presente. Ganha uma de borracha a qual passa a ser sua companhia fiel de jornada. Dorme agarrada a ela.
O tempo passa e a predileção da filha continua. Hoje, na mesa do escritório o porta-lápis tem o formato de girafa e na cabeceira da cama encontra-se Gigi, uma simpática girafa de pelúcia que ganhou de presente do esposo.
O rádio anuncia o final do noticiário. Januário, absorto pelas lembranças, imagina quantas crianças foram cativadas daquela mesma forma.
Neste momento rebatendo a notícia do rádio, toma uma posição:
– Sou a favor da vinda das girafas para o Jardim Zoológico.
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